Paraguai lança ofensiva para reduzir a Brasildependência
Década após décadas, um a um, os parceiros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), Uruguai, Argentina e Paraguai, estão aprendendo uma lição que pode ser dura para alguns empreendedores: apostar exclusivamente no consumo de arroz do Brasil para produzir tem tempo de validade e tem seus riscos. Se até o final do século passado uruguaios e, mais tarde, os argentinos aprenderam a abrir novos caminhos para sua produção, atualmente são os paraguaios que começam a seguir este caminho. Em janeiro passado o presidente da Câmara Paraguaia de Indústrias de Arroz (Caparroz), Ignácio Heisecke, confirmou acordos e contratos para exportar mais de 170 mil toneladas de arroz (em base casca) para fora do Mercosul somente no primeiro semestre de 2020. O volume é mais do que o dobro das 82 mil toneladas exportadas em 2019 para terceiros destinos.
Para Heisecke, o movimento foi surpreendente. “Não estávamos esperando e, em plena colheita, tivemos diversas missões internacionais nos visitando e fazendo pedidos. Claro que é resultado de um esforço exportador iniciado há quatro, cinco anos, de muitas visitas e divulgação do nosso produto, mas esse volume de demanda fora do Mercosul e ainda por cima nesta época de colheita é inédito”, assegura. O primeiro barco com 30 mil toneladas de arroz em base casca parte em 15 de fevereiro do porto de Palmira, na Argentina. Até lá o grão é transportado por chatas pelo Rio Paraná.
Com as vendas para a América Central, Europa e México, o Paraguai começa a soltar as amarras. Em 2019, por exemplo, o país guarani colocou 691 mil toneladas de arroz no Brasil, em 2018 havia sido 599 mil e em 2017 outras 638 mil toneladas. Nesta década o país vizinho se consolidou como principal fornecedor de arroz para o Brasil, graças ao seu baixo custo de produção e preços competitivos. No entanto, seus custos estão aumentando, bem como as regras de produção, em especial as ambientais.
Heisecke: novos mercados
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